Saturday, June 23, 2012

Livros que se comem com as mãos.

É um livrinho leve e, aparentemente, inconsequente. O filme baseado no mesmo já faz parte do meu TOP 5 de favoritos mas nada poderia prever que voltaria a apaixonar-me pela história do carteiro de Pablo Neruda.


Um daqueles livros que se saboreiam com a língua e com o céu da boca. Os BONS livros são assim: mais do uma experiência intelectual, são experiências físicas, sensuais, emocionais e até espirituais. 


Antonio Skármeta escreveu "O Carteiro de Pablo Neruda", nem sonhando que traduziria uma parte da minha Alma tão inacessível e secreta quanto o pico mais alto dos Himalais. 
Não li este livro. Comi-o. Sem colher, garfo ou faca. Com as mãos (direito a lamber os dedos) e com o coração que é bem mais sensual do que julgamos.

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"Filhinha, não me conte mais nada. Estamos perante um caso muito perigoso.Todos os homens que primeiro tocam com a palavra, depois chegam mais longe com as mãos. 
-Que mal têm as palavras! - disse Beatriz abraçando-se à almofada. 
-Não há pior droga que o blá-blá. Faz uma taberneira de aldeia sentir-se uma princesa veneziana. E depois, quando chega a hora da verdade, o regresso à realidade, reparas que as palavras são um cheque sem cobertura. Prefiro mil vezes que um bêbedo te apalpe o cu no bar, a que te digam que um sorriso teu voa mais alto que uma mariposa!
-Estende-se como uma mariposa! - saltou Beatriz."

In: O carteiro de Pablo Neruda, Antonio Skármeta

Próximo banquete:
 "Ana Karenina", Tolstoy (peso pesado da Literatura mundial...uma vergonha que ainda não o tenha comido!)

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