Ora bem, tentemos.
Depois de um dia de delícias culturais em Dublin (tiro o chapéu ao Ministério da Cultura irlandês que parece estar a fazer um trabalho notável no que diz respeito à qualidade e quantidade de museus, exposições, teatros, festivais, etc) rumei até Tullamore, no ponto mais central da Irlanda.
Construído sobre um antigo cemitério Druida, o castelo de Charleville tornou-se famoso pelo seu fantástico estilo gótico, assim como pelos fantasmas que o povoam. Posso adiantar que se trata de fama e proveito.
Ser Inteligente é, para mim, admitir que existem realidades que a minha mente racional não apreende/processa/compreende. Existe Magia* e fenómenos, até agora, inexplicáveis no mundo. Existem, sim. E ainda bem que assim é. Um mundo onde TUDO se pudesse explicar seria aborrecidíssimo e levaria a uma ainda maior arrogância por parte dos seres humanos.
A Irlanda, terra de contos de encantar, fadas, "leprechauns", seres etéreos com que se tecem lendas folclóricas locais, é território do Inexplicável*. Eis um facto palpável, assim que penetramos territórios campestres do país, afastados da azáfama de Dublin. A cultura celta, base da identidade irlandesa, sobreviveu ao punho opressor do Cristianismo (e outros) através dos contadores de histórias tradicionais nas quais a Imaginação e o Assombro têm direito aos seus justos tronos.
Rapariga aberta a desafios, mais curiosa do que os gatos e ainda mais teimosa do que uma vaca irlandesa (ou indiana), aceitei de bom grado ficar hospedada numa das principais torres do castelo, isolada do monumental recinto onde moram os administradores daquele complexo histórico. Isolada numa torre gótica, num quarto lindo que poderia ser usado para gravar cenas do filme do "Drácula de Bram Stoker" e - ah! - com a informação de que o castelo é um dos dez lugares mais assombrados do mundo. Nada mau!
Hmmm...deixa cá ver...haverá algo de inquietante neste panorama?!
Uma rapariga forte que se preze não se dá a mariquices dessas...gótico ou não gótico, isolada numa ponta de um castelo assombrado ou não, jamais daria parte de fraca.
-Oh, o quarto é lindo! - Exclamei, assim que pousei as malas no chão de madeira dividido numa estrela de oito pontas. Uma fogueira acesa com lenha iluminava o quarto, estrelado por candelabros com velas que adicionavam um toque ainda mais fantasmagórico ao espaço onde paredes vermelhas falavam de paixão, sangue e amores.
Não pude disfarçar aquela* estranha sensação de que TUDO poderia acontecer e de que este castelo me mudaria para sempre.
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