Cairo, dia 22 de Outubro, 2010

Entrando na Quinta Dimensao...

O processo de regressar a minha vida normal (?!) no Cairo passa sempre por uma estranha e fascinante re-entrada naquilo a que chamo, quase sem ironia, a Quinta Dimensao.

Readaptar-me a lingua (que falo fluentemente mas que bloqueio na mente assim que parto do Egipto), ritmo de vida e comportamentos incompreensiveis da maioria das pessoas que me rodeiam. Qualquer psicologo que se preze devia viver por ca uns tempos. Depois do Cairo, nada o impressionaria e nenhum fenomeno comportamental humano o deixaria sem compaixao ou capacidade de compreensao do mesmo.

Depois disto, so mesmo a Lua...

Reentrar nesta Quinta Dimensao tambem inclui ensaios com a minha orquestra - que esta adormecida ate eu chegar - e ideias frescas para colocar em pratica no trabalho, um estilo sempre novo que me sai sabe Deus de onde e um recomecar das actividades que dao forma a minha vida quotidiana ca deste lado do Nilo.

De todas as adaptacoes por que passo sempre que regresso ao Cairo, a que mais me custa passa pelo deixar-me ir na onda dos egipcios, nao correr demasiado em direccao ao que pretendo realizar, nao julgar os outros por aquilo que eu considero incompetencias e ser o malabarista que ja construi no meu ser: Em cada mao vao passando bolinhas saltitantes, umas com determinacao, outras com calma e perseveranca, ainda outras com coragem e fluidez para que siga em direccao aos meus sonhos como a agua de um rio, contornando obstaculos sem jamais perder o seu rumo, pureza ou beleza.

E nesta Quinta Dimensao eu vou crescendo, a olhos visto, em direccao ao mais simples de mim.

Como uma crianca que regressa a si mesma a cada respirar.