Leio sob uma lampada suave que me acalma.
Aquele cappuccino quente, coberto de espuma de leite e caramelo (porque a minha gula assumida e desavergonhada assim o exige).
Pensamentos saltando de um lado para o outro, afinal de contas...mais uma espectaculo a construir para esta nova fase magica de transformacoes varias e deste brilho estranho que me apareceu nos olhos desde que SENTI, de repente e como quem nao quer a coisa, que a VIDA passa num instantinho assustadoramente fugaz.
Os meus musicos - os novos e os que ja la estavam partilhando noite apos noite de espectaculos neste louco Cairo -aguardam instrucoes, indicacoes do que fazer, como faze-lo.
Penso sempre - ainda! - para comigo mesma:
Mas nao deveriam ser eles, os musicos egipcios, a a guiarem-me a mim, a bailarina estrangeira? Nao sabem eles muito mas tanto mais que eu sobre a sua musica, cultura, sentimento?
Ridiculo ser eu, uma miuda estrangeira, a falar-lhes do sentimento baladi ou de como nao assassinar um tema de Om Kolthoum.
Falo-lhes das intensidades, detalhes, nuances que eu preciso e das diferentes vozes e personalidades de cada instrumento. Falo-lhes do sentir de cada som e do poder inabalavel do SILENCIO, da PAUSA em que todas as musicas do mundo inteiro se unem.
Sem nunca o ter desejado ou sonhado, sou maestro. Mais maestro do que bailarina. Uma dessas ironias desta curta VIDA.
E de mim jorra - porque nao existe outra hipotese - a inspiracao que levarei, na forma de danca, a todas as minhas audiencias.
E de mim jorra tambem uma sede de SABER, SENTIR e VIVER em GRANDE como nunca houvera sentido. E em mim RESPIRO, finalmente, AR mais puro e pouco afectado pelos demonios disfarcados de mente e mesquinhices sem importancia nenhuma.
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