Cairo, dia 22 de Janeiro, 2011
Cairo revisitado...
A equipa do programa televisivo "Portugueses no Mundo" foi o pretexto para revisitar alguns dos muitos locais de eleicao que ainda me suscitam paixao e interesse nesta cidade de loucos e contrastes.
Quando visitava o Egipto em consecutivas viagens de estudo que ca me trouxeram havia uma disponibilidade total da minha parte para tomar atencao e usufruir do dia-a-dia egipcio.
Agora que ca vivo e trabalho - ja la vao quase cinco anos - tudo o que, um dia, me pareceu fascinante tende a tornar-se tao vulgar que passa a nao merecer a minha atencao e fascinio.
Juntando-se a isso os afazeres de uma vida profissional e pessoal agitadas o resultado e', simplesmente, deixar de aproveitar de muito do que o Cairo tem de bom.
As filmagens para o programa ja citado ("Portugueses no mundo") foram um parentesis no meio do tumulto profissional em que me encontro constantemente. Foi um dia para PARAR a MAQUINA e olhar a minha volta, uma vez mais, com os olhos do VIAJANTE e nao com os olhos de quem ca mora (saturada com todas as dificuldades que isso acarreta).
Iniciamos o dia no Cafe "El Fishway" no mercado "Khan El Khalili" ("Canelcalili" na versao do meu pai) onde bebi um "sahlba" bem quentinho, recordando-me o quanto eu adoro ler um bom livro num cafe onde pairam aromas de "shisha" e cha adocicado.
Passamos pela loja onde eu comprei os meus primeiros trajes de danca e onde compro sempre os melhores materiais de danca, ate hoje!
Esta loja possui tambem um significado especial porque me liga ao meu querido (ja falecido) professor Shokry Mohamed, com quem estudei intensivamente quando vivia em Madrid.
Soube-me bem reviver a agitacao propria deste mercado antigo, anteriormente usado como zona de hospedarias de comerciantes que partiam e chegavam de todo o Medio Oriente, Norte de Africa e Mediterraneo.
Passeio - chuvoso- de "felluca" no rio Nilo mesmo no centro da cidade. Esta nao foi uma opcao minha pois a zona mais bonita para este passeio nao e' a do centro da cidade mas a do Corniche de Maadi onde existem altas palmeiras e uma paisagem rural lindissima que, banhada pelo sol poente, se torna numa visao transcendente.
A minha opcao foi relegada para segundo plano e acabamos por gravar no meio de hoteis e edificios que nao me dizem muito mas, ainda assim, falou-se do Nilo e do significado que este Deus sempre teve para os egipcios.
Entre a chuva e o sol que se escondia, coube-nos tambem uma pelicula castanha de ar que permeou toda a viagem de "felluca". Parecia que estavamos inserido num filme de cor sepia...estranho...
Dai seguimos para a rua Mohamed Ali onde eu me reuno com amigos musicos, de vez em quando.
Esta rua era A RUA DOS ARTISTAS no Egipto. As principais familias de "awalem" encontravam-se nesta famosa rua, bem como os melhores empresarios, bailarinas e musicos.
Era o local de REUNIAO de todos os artistas de topo deste pais.
Neste momento, e' apenas um fantasma do que foi. Lojas de instrumentos musicais sao os resquicios de um passado glorioso ja ido...
Gravamos um empregado de uma loja tocando um tema de Om Kolthoum no seu amado alaude e uns amigos meus tocando tabla (meu querido mano Mohamed el Sayed, tambem ele bailarino) e "toura" (Moustafa, um bailarino de "tannoura" que conheci atraves do Mohamed) enquanto falavamos sobre o significado e importancia da percussao na musica arabe.
Seria interessante se alguem tivesse interesse em produzir um video sobre musica e danca egipcia gravado aqui no Egipto, por gente do meio que VIVE a DANCA e a MUSICA desde DENTRO (espera la! Mas "isso" posso ser eu! Uppss...)
...Existe ainda TANTO por contar e revelar!
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