Friday, January 24, 2014

O outro* menino (Livro) sobre a minha Grande Aventura no Egipto (renascendo):


Re-editando (última volta, prometo!) do meu "OUTRO" Livro já escrito e em hibernação temporária. Aqui vai um excerto que fala da minha chegada ao Líbano (onde actuei com uma luxuosa orquestra; onde andei à batatada com o BIG BOSS do Entretenimento no Médio Oriente; onde, onde, onde...OH, GOD!).
Divirtam-se:

"A cidade sabe a jazz presunçoso e a “marron glacé”, cheira a “bad boy” incorrigível e soa a Picasso com suas mulheres enjauladas, plásticas e enraivecidas nas pinturas em que vivia o artista. Beirute fuma cigarros de qualidade que lhe destroem os pulmões mas lhe dão estilo, pose, o toque chique e vazio de que se orgulha. A cidade morre mas sorri, galante, perante essa morte. Bebe demais e desafia, com um esgar desafiador, quem lhe disser que se cuide. Com nada nos bolsos ou sequer o que comer, Beirute não perde o garbo, o ar polido, o desejo provinciano de cosmopolitismo que faz os filhos da terra machucada correrem o mundo, exercendo os seus prolíferos dotes genéticos.
No caminho que me levou do aeroporto até ao apartamento onde ficaria alojada, identifiquei personagens de Degas (escultor francês do século XIX). A obra de Degas terá fugido, a meio de uma noite qualquer perdida no tempo, aproveitando um momento perigoso de sonolência do segurança do museu d’ Orsay, em Paris. As suas bailarinas cansaram-se da barra monótona e dos palcos polidos e puseram-se a caminho de Beirute. De entre todas as personagens de Degas potencialmente reconhecíveis nesta cidade feita de penumbra, a que mais me cativou pelo seu direito a pertencer àquele lugar foi a mulher de olhar ausente e ombros caídos de um quadro a que o artista chamou “ L’Absinthe”, datado de 1876. Ela insistiu - tal fantasma carente - em aparecer-me em todas as esquinas que por mim passaram, inclusivamente nos cafés da marginal encavalitada sobre o mar mediterrânico .
Os franceses, últimos colonizadores do Líbano, deixaram a sua marca estampada nas paredes do país, sem conseguir apagar a bela nostalgia do coração libanês original."
Por Joana Saahirah - Excerto do Livro "Diário do Egipto - Shérazade virada do avesso"
(TODOS OS DIREITOS RESERVADOS)

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