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Com reticências...
Vou re-descobrindo o que é a Dança Oriental. Com semelhantes reticências, aceitei um trabalho atípico, desde que comecei a actuar com a minha orquestra no Cairo.
Festa de anos de um aniversariante muito especial, amigo de uma amiga minha e meu admirador de longa data. A surpresa foi programada pela sua esposa, tambem ela familiarizada com o meu trabalho.
-Mas sabes que só danço com a minha orquestra!
-Por favor, abre uma excepção. A surpresa dificilmente funcioná se levares os músicos contigo. A instalação de microfones e afinação de instrumentos denunciará a tua chegada.
Acedi ao pedido, muito mas MUITO reticentemente. Quando no Egipto, jamais danço sem os meus músicos. Porque o faria? Compreendo as limitações financeiras de levar uma orquestra para fora do país mas não compreendo que tenha ao meu alcance os melhores músicos do Cairo e não trabalhe com eles.
Acedi, com esforço e preocupação. Já não sei dançar ao som de um cd! Oh, o terror...
Uma hora de actuação com cd equivale a tortura chinesa, a meu ver/sentir.
Lancei-me ao precipício, como de costume. Curioso observar como são, frequentemente, estas experiências (aparentemente) desagradáveis que mais nos ensinam.
Relembrei o âmago desta Dança, a sua razão de ser o que faz com que o público - em qualquer parte do mundo - responda ao meu trabalho. Se pretendo que a Dança Oriental seja considerada como uma forma de ARTE não há outra coisa a fazer senão praticá-la como tal. Provar, por acções e não apenas por meras palavras, que esta Dança pode ser - de facto - uma expressão artística da Alma.
Deixei-me de rococós e brilhantismos. Ninguém se importa com a quantidade de acrobacias ou movimentos "espertos" de que o meu corpo é sabedor. Já dizia o maravilhoso cantor egípcio "Abdel Halim Hafez" que o mais difícil é a simplicidade.
Prendi o aniversariante surpreso e os seus convidados com o gancho do CORAÇÃO. Será sempre por aí que se apanha o peixe, salvo seja.
Na ausência da minha orquestra e de todo o material fantástico e energia que me dá, tive de recorrer ao interior de mim mesma e compensar a lacuna musical com a VONTADE CONSCIENTE de dançar a partir do meu coração. Assim toquei, não surpreendentemente, o coração da minha audiência.
O que as pessoas querem é emocionar-se, serem tocadas e movidas no mais sincero de si mesmas, provocadas para lá do Bem e do Mal. O que querem é sentir-se VIVAS.
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E nao é que essa é mesmo a função da Dança!?
Aprendendo a pescar das formas mais inusitadas.Quem procura, sempre encontra.
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