Das manipulacoes e outras crueldades subtis.
A Danca Oriental é, realmente, mágica. Sei que, ao aplicar esta palavra -mágica - existe muita gente que a julga como uma expressao, um exagero feminino, uma pequena histeria da sensibilidade de uma bailarina. A realidade é outra.
Uso a palavra mágica tendo em conta o seu verdadeiro significado. O poder de transformar, alquimizar, alterar a realidade através de poderes energéticos, sensoriais, espirituais, AMOROSOS.
Uma das consequencias mágicas a que tenho assistido (em mim e em centenas, senao milhares de alunas que já passaram por mim) passa por uma nova, mais saudável e inteligente relacao com o nosso próprio corpo. Tão pouco se trata da vaidade e do ego a que tantas mulheres - e homens - se agarram quando entram neste mundo mas o RESPEITO, o AMOR PRÓPRIO, a valorização de tudo o que nos torna únicos.
Também eu tinha preconceitos sobre o corpo da Mulher, como ele devia parecer-se para ser considerado "bonito", que proporções deveriam existir para poder chamar-se atraente e tantas outras exigências e critérios que não nasceram comigo mas que me foram incutidos, através da (des)educação, das sociedades de consumo selvagem que querem manter negócios à custa das inseguranças implantadas nas mentes das pessoas, etc.
Ao ver dançar corpos tão diferentes, uma e outra vez, ao fixar-me em detalhes desses corpos para poder corrigir movimentos da Dança, comecei a reparar na BELEZA de cada contraste, cada (des)proporção, como gostamos de chamar-lhe. Reparei também que a Natureza em si não se rege pelos padrões apolíneos de estruturas previsíveis e equilibradas. Existem todos os tipos de desproporções na Natureza e são elas que a tornam PERFEITA.
Se umas ancas são amplas e pesadas, não faltará quem aconselhe - com a melhor das intenções - que aquele volume desapareça. Existem ginásios, dietas, repressões, comprimidos e até potencialmente fatais doenças (bulimia e anorexia vêm logo à cabeça) que poderão resolver o assunto para que aquelas opulentas ancas se encaixem na "norma".
Se as mamas de uma mulher (sim, o nome clínico é mesmo "MAMAS") são pequenas ou muito grandes, não haverá quem não ofereça soluções "à la carte" para que aquela "desproporção" se elimine.
A Dança Oriental, como eu a fui aprendendo enquanto a ensinava, diz-nos o seguinte:
Um corpo saudável não é, necessariamente, um corpo totalmente simétrico ou dentro de um peso definido para todas as pessoas. Cada corpo é único na sua estrutura, dinâmica, necessidades, características e tentar UNIFORMIZAR corpos humanos é como tentar que todas as árvores do mundo sejam exactamente iguais ou que todas as flores sejam clones umas das outras.
Se isto fosse possível, e para lá se caminha, este planeta não seria mais do que uma série de robots, clones, pessoas sem aquilo que as torna HUMANAS: as diferenças que nos tornam, a cada um de nós, absolutamente ÚNICOS e insubstituíveis.
Há quem não saiba escutar a linguagem da Dança -mágica - Oriental. Há até quem prefira defender que esta é a dança da perdição, do demónio, sabe Mefistófeles mais do quê.
Para quem ESCUTA a voz ancestral que corre pela Dança Oriental, então a mensagem é clara: AMA-TE a ti mesma como REALMENTE ÉS. Cuida do teu corpo, mente, coração e alma como se todos eles fossem os maiores tesouros existentes no Universo (porque o são).
CELEBRA e EXPRIME aquilo que te torna ÚNICA e jamais cais na armadilha do ódio a ti mesma (essa sim, uma armadinha do demónio).
DANÇA. Dança-TE. Levanta os braços e regozija, agradece, reza em movimento, sublima-te e assenta os pés no chão SABENDO que és PERFEITA como ÉS. AGORA. SEMPRE.
Amén!
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