O que encontrarei quando regressar a casa (Cairo, Egipto)?
O mundo inteiro parece ter ganho direito de opinar sobre o estado e futuro do Egipto, mesmo aqueles que não vivem lá nem conhecem as realidades que justificam, agora claramente, a vitória da Irmandada Muçulmana nas eleições democráticas conquistadas pelos meus corajosos compatriotas egípcios quando depuseram o ex- Presidente Hosny Mubarak e seu círculo corrupto mais imediato.
Eu que lá vivo há 6 anos, trabalhando com e para egípcios num meio que me permite ver e conhecer de TUDO, do mais alto ao mais baixo que a condição humana permite existir à face da Terra (e outras galáxias) sinto-me reticente em fazer predições.
Não me surpreendeu esta vitória de um partido Islamista que tem comprado o favor dos mais pobres, desprotegidos e ignorantes com trabalhos de caridade que já vêm de décadas atrás.
Não me surpreendeu tão pouco que se sentisse uma viragem para uma forma equivocada e ultra conservadora de um Islão que já se previa no dia-a-dia de quem vive no Cairo.
Mais mulheres veladas e quase inexistentes das ruas da cidada, um assédio sexual explosivo e omnipresente, uma crescente antipatia pela música e pela dança (com uma proporcional adesão crescente às prostitutas e seus vários meios de venda de carne), mesquitas e sermões islâmicos dentro de "shopping malls" e muitos etcs que tornam, pouco a pouco, a vida no Cairo muito menos prazeirosa e muito mais assustadora do que era.
Nada me surpreende, confesso. Nem sei que país encontrarei no meu regresso a casa.
Espero apenas que a minha intuíção me engane e que o Egipto não esteja a preparar-se para mergulhar numa nova Idade Medieval onde a Arte e a Vida não entram.
Espero isso apenas. Estar errada nas minhas previsões.
Amén!
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