Monday, November 29, 2010
Carlos Gardel - El dia que me quieras - Tango
Um miminho proveniente da minha mais recente paixao: El TANGO!
O sub-mundo. A seducao pura entre homem e mulher.
Uma conversa entre dois corpos regidos por um so coracao.
As almas fundem-se uma na outra e as palavras deixam de existir ou ser necessarias.
Entra-se numa dimensao a parte, para la do chao e da vida a que chamamos real.
Shakespeare dizia que a " vida e' sonho" e agora eu posso sentir que o sonho pode ser a unica vida
REAL
que existe. O tango indica-me esse caminho.
Aqui fica uma conhecida musica de Carlos Gardel para dancarem ao sabor da emocao e do vermelho que povoa a vossa alma.
P.S. Estou viciada.
Alguem conhece alguma clinica de reabilitacao para viciados em tango argentino?!
Democracia " a la egipciana"!
Estamos em altura de eleicoes no Egipto e as fotos fantasmagoricas dos candidatos eleitorais povoam toda a cidade, deixando-nos com paisagens deprimentes de homens com calos na testa (para atestar a sua devocao religiosa - calo na cabeca indica alguem que reza pia e frequentemente, batendo com a dita cuja no chao, dai o respeitoso calo!) e um mais feio que o outro.
Juro que parecem fotografias de obituarios ou pior...em vez de dizerem o que deveriam:
VOTE EM MIM porque sou de confianca e honestidade!
Dizem:
VOTE EM MIM senao vou la a sua casa e mato a familia toda a machadada!
Ou entao, em alternativa:
VOTE EM MIM porque eu, coitadinho e desgracadinho tambem, ja faleci e mereco uma boa homenagem. Elejam-me post mortem e ganhem um lugarzinho seguro no ceu (e uma geladeira ai na terra).
Ooohhh.....
Assustador...quem serao os fotografos que produzem estes desastres da imagetica universal?!
Depois chega o fenomeno fantastico dos subornos a descarada.
Consta que, em cada freguesia (e sao muitas no Cairo!), os candidados oferecem dinheiro a quem neles votar. Outros oferecem electrodomesticos (parece que esta cena me e' familiar...afinal Portugal e o Egipto sao mesmo irmaozinhos e nao e' so no passado arabe que partilham) e cheques chorudos de subornos a esta e aquela loja para convencerem os clientes a votar em fulano e sicrano. Ao contrario do que sucede noutros paises em que a corrupcao existe mas ainda nao foi socialmente aceite, no Egipto tudo isto se pratica a luz do dia sem o minimo pudor.
Esta tudo em suspense para saber os resultados das eleicoes. Serao, indubitavelmente, os que deram mais dinheiro ao pessoal ou batedeiras electricas la para casa...
Por mim, desde que tirem o raio das fotografias traumatizantes das paredes da cidade, estou feliz com qualquer um dos candidatos/aparentes psicopatas/fantasmas.
Afinal, sao todos farinha do mesmo saco e seguem a mesma marca sagrada na cabecinha e, alas, a mesma generosidade corrupta que tanto mina o meu querido Egipto.
Seja como for e ganhe quem ganhar, que tirem as fotografias das paredes porque eu ja comecei a ter pesadelos com estes candidatos eleitorais...
Sunday, November 28, 2010
Saturday, November 27, 2010
Momentos sublimes na cidade louca do Cairo (com o "borrar da pintura" que, invariavelmente, se segue)
O lado luminoso e o lado negro da vida parecem estar em maior evidencia no Egipto do que em qualquer outro pais que eu tenha conhecido. Aqui convivem as maiores atrocidades humanas com gestos de extrema beleza...da para por a cabecinha a andar a roda e virar o nosso "boneco" a 180 graus numa base diaria. Tal como ja referi, esta vida do lado de ca do rio Nilo nao e' para insuficientes cardiacos nem tao pouco para gente de pouca garra.
Caracter: PRECISA-SE.
Paciencia: Oh, se se precisa!
Flexibilidade mental para encaixar porcos a andarem de bicicleta e eventos que tais: ESSENCIAL.
Tolerancia as mudancas e surpresas constantes: Arma de sobrevivencia.
Loucura: Um "MUST"!
Eis que aguardava a chegada de uns amigos na Opera do Cairo (fomos ver a obra de ballet " Zorba el Greco") quando vejo aproximar-se de mim uma rapariga egipcia ("mohagaba"= coberta com o veu/"hijab") de ar simpatico e inquisitivo.
Comecou por meter conversa perguntando onde era a entrada do auditorio mas eu senti, imediatamente, que aquele era apenas um pretexto para se aproximar e saber quem eu era.
Perguntou-me:
-Es bailarina? Chamas-te Joana???
Eu respondi que sim e descobri que ela me conhecia do "NILE MAXIM", onde actuo regularmente.
Perguntou se se podia sentar ao meu lado enquanto os meus amigos nao chegassem.
Eu acedi ao pedido porque ela me pareceu inofensiva e muito simpatica ("Porque nao, pensei eu? Fazer um amigo nunca e' demais!").
Conversamos sobre muita coisa, ficando a saber que ela e' cantora da Opera do Cairo (informacao nao confirmada, uma vez que os egipcios sao peritos a engendrar historias mirabolantes que nem sequer passam perto da verdade!) e que adorava cantar Om Kolthoum.
- Ai, sim? Om Kolthoum e' a minha cantora preferida. - Acrescentei eu.
-Queres que eu cante para ti? - Lancou ela, sem hesitar.
-Se nao te importares, claro que sim. Canta-me "Enta Omri". - Conclui eu.
E assim teve inicio a um mini-concerto improvisado no jardim da Opera do Cairo. A rapariga - Zizi de seu nome - cantou a bendita "Enta Omri" e ganhou uma ovacao geral de todos quantos se encontravam ao redor do jardim.
Eu fiquei encantada, suspensa nesse momento magico em que as estrelas brilham no ceu da Opera do Cairo e eu estou sentada no marmore frio do jardim, escutando uma Om Kolthoum privada, cantando para mim ate quando eu lhe dissesse para parar.
Logo em seguida pediu-me para eu dancar para ela. Eu disse-lhe que nao dancava em publico, a menos que estivesse a trabalhar. Ofereci-me para retribuir a generosidade dela cantando-lhe um FADO da minha terra e assim a deixei a chorar, literalmente, e jurando a pes juntos que eu devia deixar a Danca e dedicar-me a carreira de cantora ("sim, vou pensar nisso...").
Momento maravilhoso, sem duvida.
E depois?
Bem...depois...azedou. Deu para o torto. "Pifou"!
Pois claro. Estamos do Cairo.
Facto incontornavel e desconcertante.
Foi entao que a Zizi, rouxinol da Opera do Cairo, se convidou a si mesma para se juntar a mim e a minha orquestra no dia que se seguiria (hoje).
- Quero ser tua amiga. E tu, queres?! - Perguntou ela, deixando-me confusa por ja nao saber se tinha uma rapariga de 20 e tal anos a minha frente ou uma criancinha de 5 anos.
- Sim, eu tambem quero ser tua amiga. - Que mais poderia eu responder?!
Entao da-me o teu numero de telefone (eu dei :( e eu ligo-te assim que puder.
-Combinado?
-Combinado (tremulo e ja prevendo o que iria acontecer).
Despedimo-nos e eu fui ao encontro dos meus amigos que, entretanto, tinha chegado a recepcao da "Opera House".
Assim que entrei para o auditorio e os primeiros acordes do "Zorba" se fizeram ouvir, ainda os cantores nao tinham atinado com os cantos gregos da obra e ja la estava a Zizi a telefonar-me insistentemente. O meu telemovel estava silenciado mas eu podia sentir a sua vibracao vinda da minha mala. Foi o Zorba a saltar no palco e o meu telemovel a saltar na mala, "non stop".
Enviou-me uma mensagem perguntando-me se eu estava chateada com ela e se queria mesmo ser sua amiga e porque raio nao atendia o telefone.
-Nao, nao estou chateada (acabei de te conhecer!!!) e quero mesmo ser tua amiga, o.k?! - Respondi eu, ja assustada com o comportamento obsessivo da Zizi.
Isto passou-se ontem a noite.
Durante o dia de hoje, contabilizei dezenas de chamadas da minha querida amiga Zizi.
As chamadas juntam-se duas mensagens desesperadas tentando confirmar o meu interesse na nossa amizade e jurando adoracao eterna para com a minha pessoa. (???)
Quando cheguei ao "Nile Maxim" para actuar, tinha um bilhete dela a entrada com um queixume emocional de fazer chorar as pedras da calcada e uma declaracao de amor inusitada a qual ainda adicionou um expressivo: " Mas porque nao atendes sempre as minhas chamadas? Liguei-te tantas vezes e tu nao respondeste! Porque???"
Huummmm...onde e' que ja vi este filme?
Espera...agora lembro-me. Era um dos meus ex-namorados ciumentos. Pois era... mas esta e' apenas uma rapariga egipcia que eu conheci ontem na Opera do Cairo. Como conseguirei fazer a ligacao entre "namorado ciumento" e "conhecida ciumenta"?!
Uau, ate para uma cabecinha como a minha, versada no encaixe das maiores aberracoes humanas, esta da-me a volta ao miolo. Ainda nao a encaixei mas hei-de la chegar.
Entao agora so me faltava esta. Tenho a Zizi a pega numa versao egipcia da "Atraccao Fatal" onde a Glenn Close usa "hijab" e eu me transformo em Michael Douglas, a vitima da mulher obcecada.
Bem que ela me chegou a perguntar onde eu moro. Gracas a Deus, nao lho disse, senao tinha-a agora a bater-me a porta afirmando de pes juntos que morre de saudades minhas e colando-me bilhetes de amor a porta!
Eu e a Zizi, um caso de amor inusitado...Oh, meu Deus! Dai-me paciencia e ternura para levar na boa estas loucuras que so aqui me parecem existir.
Friday, November 26, 2010
Thursday, November 25, 2010
CARLOS GARDEL ''MADRESELVA'' TANGO.wmv
Cairo, dia 25 de Novembro, 2010
Entre o Oriente e a Argentina...
Sera disto que falamos quando nos referimos a explorar TUDO - ou uma aproximacao a esse TODO - do que somos?
Nunca temo explorar talentos, potencialidades escondidas, caminhos nao trilhados...uma peregrina da vida real.
Divido-me entre paixoes, tentando nao me dispersar ao ponto de perder qualidade no que vou fazendo.
Entre a Danca Oriental - em forma de espectaculos, workshops pelo mundo fora e descobertas diarias com a minha orquestra egipcia - e a escrita (para quando, QUANDO, a conclusao do meu tao aguardado livro?!), ainda me meti nuns estudos especiais que me alimentam a alma e no Tango.
Uma coisa alimenta a outra.
Complementa-se.
Melhora-se.
Coloram-se umas as outras, estas minhas paixoes. Sentem ciumes umas das outras mas convivem amorosamente, penso que por cortesia a mim que as acarinho.
Escuto "Madreselva" (tango de Gardel) e busco um novo musico para a minha orquestra (K'anun). Flutuo de Om Kolthoum para Gardel, de Gardel para um novo solo de tabla que estique - ainda mais- as cordas gastas das convencoes vigentes na Danca Oriental.
Criando, entre mundos. Com um prazer multiplo, como estas minhas paixoes.
Eu, egipcia?!
E eis que apanhei, uma vez mais, os gerentes do NILE MAXIM vendendo-me ao publico com uma autentica bailarina egipcia. Produto nacional. Coisinha linda ca da terra, pois claro!
Termino os meus espectaculos da matina (oh, tortura...e muita, muita camera fotografia apontada aos meus olhos sonolentos) e saio do "NILE MAXIM" onde me misturei com parte do publico que ainda estava a evacuar o local.
Eu de oculos escuros e roupas "normais" devo parecer outra pessoa completamente diferente porque a maioria das pessoas nao me reconhece e, assim, escuto os comentarios espontaneos sobre o meu espectaculo e sobre mim.
Espia, bailarina "under cover" por momentos de pura delicia (adoro escutar os comentarios quando ninguem sabe que e' de mim que estao a falar!).
Um grupo comentava com o gerente como o espectaculo tinha sido maravilhoso e como eu era isto e aquilo (coisas extremamente simpaticas e de apreco ao meu talento :) ) e perguntava-lhe se eu era brasileira, cubana, entre outras nacionalidades que atirou ao ar.
O gerente nao teve meias medidas e respondeu:
-Nao, nao...a Joana e' EGIPCIA!
Ohhh...nao foi a primeira vez que me "venderam" como produto nacional mas , ao contrario do que sucedeu em ocasioes passadas, nao me contive e intercedi:
- Nao, desculpe. Parece haver um engano.Eu nao sou egipcia, sou portuguesa!
O gerente ficou petrificado e o rapaz que o estava a questionar pasmado mas eu senti-me, subitamente, orgulhosa de poder dizer "SOU PORTUGUESA".
Nao e' que seja especialmente nacionalista ou apegada a patria. A minha terra e' o Universo, nem sequer me restrinjo ao planeta Terra mas - por alguma razao que a Razao desconhece - senti um orgulho e gozo especial em nao me deixar "vender" por egipcia.
Portuguesa, sim senhor. Com um aroma a Espanha porque la passei belos tempos de infancia e a ela sempre estive ligada mas...PORTUGUESA.
De egipcio terei...hhhmmmm..... o amor a esta danca, talvez... uma tendencia para o prazer ludico da vida, uma ansia de CELEBRAR tudo e nada mas...ainda assim, PORTUGUESA!
Com muito orgulho.
Cairo, dia 25 de Novembro, 2010
Se Einstein fosse vivo (e vivesse no Egipto!)
Esta e' uma daquelas suposicoes que me da um gozo enorme fazer.
Digamos que seja um prazer ironico, um pouco perverso, daqueles gozos de ver o "circo pegar fogo", a inundacao total, o desastre...
Se Einstein fosse vivo e residisse na fascinante cidade do Cairo o decurso da Ciencia mundial teria sido outro, completamente diferente do sucedido. E' que um genio ja nasce com essa semente mas o ambiente em que cresce conta muito, molda muito, incomoda, educa ou deseduca muito, desenvolve ou atrofia (MUITO) o cerebro desse genio potencial.
E eis que me chega uma dessas conviccoes estranhas e, no entanto, tao lucidas :
o genio de Einstein nao sobreviveria ao Egipto.
Imaginem que ele assistia a seguinte cena que eu presenciei ao regressar do ginasio.
Um policia (um desses rapazes do Alto Egipto, analfabetos e explorados pelo poder politico ate a ultima gota) lancou-se para o meio do transito (no qual eu me encontrava) para atravessar a estrada com uma velhinha.
Ora bem. Ate aqui, este gesto parece meritorio, certo?
ERRADO.
Ao lancar-se para o meio da estrada com uma velhota debaixo do braco, o policia/heroi do dia/genio saiidi causou duas colisoes de veiculos e varios travoes esticados ate ao limite para evitar acidentes. O carro de tras bateu no taxi onde eu me encontrava e o caos instalou-se perante o olhar aprovador dos outros policias que lhe deram palmadinhas nas costas (ao heroi do dia) e o elogiaram pelo gesto meritorio.
Vejamos: a velhota queria lancar-se para o meio da estrada para a atravessar a tempo de ver a novela egipcia que passa aquela hora. Como o genio do policia nao queria que ela fosse atropelada sozinha, decidiu juntar-se a ela e assim, muito provavelmente, serem os dois atropelados ou causarem uma serie de acidentes eventualmente fatais para varias pessoas.
Equacao simples e, no entanto, genial:
Velhinha atropelada a sos = isso nao tem jeito nenhum, pa! :(
Velhinha + Policia atropelados + acidentes colaterais= EXCELENTE! :))
Mas como e' que ninguem no meio daquele transito todo pensou nisto?!
Qual Einstein, qual Darwin, qual Leonardo Da Vinci, qual que?!
O que esta a dar e' este genio egipcio, condignamente apoiado pelos outros genios egipcios (os policias que esperaram o par velhinha/policia no outro lado da estrada com palmadinhas nas costas e sorrisos aprovadores).
Factos curiosos mas de menor importancia:
Para que o par improvavel pudesse atravessar a estrada a tempo para a novela e arriscar-se a um duplo suicidio, varios acidentes ocorridos ficaram pelo caminho. So what?!
Calculo - com uma intuicao certeira - que o policia benfeitor ganhou a condecoracao de
" FUNCIONARIO do MES".
E imagino-os na estacao de policia celebrando a condecoracao, elevando o heroi aos ceus de onde ele veio, tomando-o em bracos e fazendo-o pular, gritando "urra, urra" e comendo sanduiches de "ful" e "tameya" sob o aroma de uma boa "shisha".
Tudo em honra do "heroi do mes".
E eu, como fiquei no meio da historia e do toque nas traseiras do taxi onde eu me encontrava?
Pois...estupefacta. Ainda me surpreendo, isso e' que e' VERDADEIRAMENTE genial.
Querido Einstein, que o TEMPO e suas ilusoes jamais te permitam regressar ao planeta Terra e aterrar no Egipto. Os resultados dessa existencia seriam inusitados e, potencialmente, PERIGOSOS.
(Welcome to Egypt!)
Wednesday, November 24, 2010
Monday, November 22, 2010
Cairo, dia 22 de Novembro, 2010
BAUBO - descricao desta Deusa (uma das minhas recentes descobertas)
Para todas as Mulheres que GOSTAM de si mesmas e se celebram em todas as suas dimensoes (fisica, emocional, espiritual,etc,etc porque de tantas dimensoes somos compostas).
Sendo uma "gozona" nata e uma tola risonha que estala em gargalhadas por tudo e por nada, aqui esta uma DEUSA com a qual me identifico totalmente.
Sera o um dos meus alter-egos?!
Estou "in lobe" com este lado meu...recem-descoberto.
"…quem tem a coragem de rir é senhor dos outros… "
G. LEOPARDI (1798-1837)
BAUBO A DEUSA DO RISO (texto lindamente escrito por Mariana Inverno que, cortesmente, mo cedeu para aqui o partilhar convosco)
Sou por natureza muito séria, atenta ao lado mais profundo das coisas. Em consequência e por compensação, tocam-me sempre de forma especial as pessoas que me fazem rir pelo efeito refrescante e regenerador que o riso espontâneo exerce sobre quem o experimenta. Guardo assim um carinho muito especial pelo mito de Baubo, essa deusa menor da Antiguidade Clássica, hoje praticamente desaparecida.
Não será alheio a isso o facto de os patriarcas desconfiaram sistematicamente de quem se ri, principalmente se for mulher.
É aliás conhecido o efeito inquietante que, em geral, um grupo de mulheres à conversa e em risota entre si, tem sobre os homens.
Estudiosos do rir têm vindo a sugerir a relação entre o mesmo, a sexualidade feminina e a recuperação do equilíbrio, pois o rir entre mulheres representaria o lado oculto da sua sexualidade.
O mito de Baubo tem paralelo com o de Uzume, a deusa japonesa da alegria e da dança, presente em primeiro plano no mito mais antigo do Japão.
Essencialmente, o elo entre ambas as divindades resulta de as duas causarem, através do riso, um efeito balsâmico sobre situações desesperadas.
Na sequência do rapto de sua filha Perséfone por Hades com a conivência de Zeus, seu pai, Demeter abandonou desesperada o Olimpo.
Disfarçada de anciã, percorreu a Terra em busca da filha desaparecida e, nesse processo, apresentou-se a Metamira como candidata a ama do filho que esta acabara de dar à luz. A deusa estava possuída, porém, de uma dor sem fim e nem a visão do bebé conseguiu retirá-la do seu mundo de tristeza e silêncio.
Limitou-se a aceitar a cadeira que a criada Baubo lhe ofereceu mas recusou-se a aceitar qualquer alimento. Foi justamente Baubo quem, com as suas brincadeiras e graças aparentemente obscenas, conseguiu arrancar Demeter do pesar profundo em que se afundara. Ao dançar comicamente diante da deusa, Baubo levantou a certo ponto as saias e mostrou-lhe a vulva num gesto brincalhão. A enlutada Demeter quebrou o silêncio e começou a rir. Riram muito, riram juntas e assim começou o processo curativo da frustrada mãe.
O gesto de Baubo, indecente na aparência, reporta-nos a uma era matriarcal remota em que a zona púbica da deusa simbolizava a porta sagrada e a origem da vida, sendo o triângulo invertido um símbolo sagrado, como se sabe. Ao recordar a Demeter de forma brincalhona o seu poder como mulher, Baubo estimulou-a à recuperação de forças para prosseguir em busca da filha que eventualmente recuperou.
Este comportamento ancestral e perdido na memória dos tempos foi incluído em muitas representações artísticas desde tempos imemoriais até à Idade Média e e era parte integrante dos Mistérios que se celebravam em Eleusis, durante dois mil anos e até à destruição do santuário, no século IV da era Cristã. Num tempo decadente e automatizado como o nosso e em face do uso e abuso obsceno da imagem feminina, torna-se especialmente importante resgatar e difundir este mito que, nas palavras de Jean Shinoda Bolen, representa “a recordação vaga e subvalorizada de que as imagens da sexualidade e da fertilidade da mulher são sagradas e não lascivas.”
MARIANA INVERNO
Cairo, dia 22 de Novembro, 2010
Tango e Oriental - que mistura improvavel!
Este meu Gemeos deixa-me tonta (para quem nao apanhou a dica astrologica, explico que o meu signo solar e' Gemeos). Vejo interesse aqui e ali, a sul e a norte, a quente e a frio...o dia tem 24 horas para todos e tenho de dormir...(certo?).
Ja nao me bastava este AMOR da minha Vida - Danca Oriental - para me por a cabecinha a andar a roda mas agora chega tambem o TANGO, em forma de paixao assolapada, arrastando com ele toda a tristeza e nostalgia que possam existir em mim.
E assim comecei as minhas aulas de Tango, depois de o ter experimentado em Buenos Aires (melhor sitio nao havera!).
"El Senor Tango" (maior casa de Tango de Buenos Aires) e a sua orquestra de bandoneones que me fez chorar que nem um bebe sedento do leite da mae.
As minhas duas primeiras aulas com bailarinos conhecidos do mercado e logo ali voando, voando!
Quando me apaixono, e' assim...sem travoes.
Rendi-me a esse desejo antigo de aprender a dancar o TANGO e aqui estou eu, rendida aos seus encantos.
Se falarmos em sensualidade, entao falamos de TANGO.
Danca Oriental e' uma Arte mais de mim para mim. Tango e' uma conversa entre dois coracoes humanos com todas as suas paixoes, instintos basicos, possessividade, amor, erros e acertos.
Mais uma vez e fazendo justica a minha fama de Dona Juana de Marco, aqui esta oficializada a minha mais recente PAIXAO assolapadissima:
Saturday, November 20, 2010
Wednesday, November 17, 2010
Baladi extravaganza by Joana Saahirah of Cairo
Cairo, dia 17 de Novembro, 2010
Extravaganca baladi...
E e' isto que eu vou fazendo, dancando e vivendo...eu mesma, doa a quem doer ( e doi a muita gente!:)
Christina Aguilera - Something's Got a Hold On Me (Burlesque)
Cairo, dia 17 de Novembro, 2010
Amor como eu gosto...
Com ALMA, sentimento RELIGIOSO sincero e intenso.....
Love gospel, te quiero!
Tuesday, November 16, 2010
E o que eles nao me ensinaram...
Depois de render a merecida homenagem aos meus queridos mestres seleccionados
(porque existiram muitos outros como o genial Yoursy Sheriff que me inspiraram mas que, de certa forma, nao foram tao marcantes na minha vida de Bailarina), aqui vao apenas algumas das coisas que eu tive de aprender por mim propria, a custa de experiencia de vida e alguma - relativa - perspicacia inteligente!
Ninguem me ensinou a interpretar a musica...esse sentido foi encontrado por mim.
Ninguem me ensinou que os contactos sociais e a diplomacia (para nao dizer pior...) conseguem ser mais importantes que talento e profissionalismo.
Ninguem me ensinou que quantidade nao significa qualidade.
Ninguem me ensinou a diferenca clara entre estilos, cores e nuances contidas na Danca Oriental Classica e Folclore egipcio.
Ninguem me ensinou como dar ALMA e ORIGINALIDADE a minha DANCA.
Ninguem me ensinou como dirigir, ensaiar e gerir uma orquestra diariamente e, muito menos, como criar espectaculos novos semanalmente, durante anos, ininterruptamente...
Ninguem me ensinou a escutar a musica com o coracao ou com a alma.
Ninguem me ensinou a SER EU enquanto danco.
Ninguem me ensinou ou mencionou ao de leve o dificil -e espiritualmente compensador - que e' este caminho...
Ninguem me ensinou a brilhar em palco nem o que significa CARISMA (ambos essenciais a um artista).
Ninguem me ensinou a honrar e amar o meu corpo como instrumento de trabalho/arte/vida que ele e'.
E por tudo o que ninguem me ensinou tambem estou grata porque foram estas - e outras - descobertas que tornaram o caminho suportavel, ainda desejavel e FANTASTICO!
Pagando o preco da LIBERDADE!
Comecemos pelo assunto menos agradavel e, sinteticamente, digamos o essencial:
A LIBERDADE, especialmente para as MULHERES, tem um preco altissimo.
Quem aceita paga-lo, sofre as consequencias que muito poucos conseguem suportar.
Se juntarmos a esse sentido de Liberdade (que mais parece crime) um ainda mais agitador sentido de DIGNIDADE... o caldo entorna e de que maneira!
Que fazer para mudar o sistema e a forma como a Mulher ainda e' tratada (na minha profissao e no Egipto, em concreto)?
Rebelar-me? Ja o fiz, continua e diariamente.
Nao deixar que me prendam na jaula de ouro que desejam para mim? Tambem nunca deixei.
Gritar, espernear, partir vidros e fazer um escandalo? Nao penso que leve a lado algum e os gritos de uma mulher sao vistos apenas como um incomodativo ataque histerico.
Que fazer? Ja tentei de tudo e o triste facto e' que nem sempre a Justica, a Limpeza e a Verdade prevalecem. Chego a conclusao que mais vale sermos diabos, mal intencionados e mafiosos... parece que o mundo recompensa essas especies e se ri, ironicamente, de quem tenta ser honesto e bom.
Revolta...alguma...muita!
Sunday, November 14, 2010
Saturday, November 13, 2010
E assim descubri eu a Deusa que melhor me personifica e da qual mais necessito neste momento (gracas a ti, Rosita, uma vez mais!!!)
E eu que pensava em mim como uma Venusiana inveterada...aqui me descubro, em mais uma faceta tao clara, como a personificacao da DEUSA BAUBO.
Nunca deviamos classificar-nos minimamente porque, pelo que vejo, surpreendemo-nos sempre com o que descobrimos ser, afinal e apesar dos nossos pressupostos...
Talvez sejamos um pouco de tudo, mesmo dos polos contraditorios que compoem a REALIDADE. E, nesse caso, cabe em nos todas as Deusas e Deuses.
Penso que seja mais isso!
Estou fascinada com ela...Baubo...
Deusa do Riso e da Sexualidade vivida de forma saudavel, natural e profundamente conectada com o Amor, o Prazer, as Sensacoes da pele, a ALEGRIA de se estar vivo e assim o manifestarmos...sou EU!!!!!!
O sentir-se bem no proprio corpo e celebra-lo sem vergonhas...sim! Sou eu, definitivamente.
E gosto de me rever neste espelho.:)
Feliz...subitamente, feliz com o que a Deusa diz de mim e de tudo o que se pode fazer a partir da tristeza e do aparente abandono da alma (por cansaco, nao por conviccao!).
Mais informacoes seguirao...
Sim, sim, sim.
Mexeriqueiros e mal-dizentos de todo o mundo que nao possuem uma vida rica com que se ocupar, aqui esta uma frase tao simples mas IMPORTANTISSIMA para nela reflectirem e a aplicarem.
O mundo seria tao mais bonito se todos se ocupassem da sua propria vida - e falhas - e deixassem de criticar e mal-dizer os outros pelas costas! Pura cobardia e desperdicio de tempo.
Wake up, people!
Joana Saahirah of Cairo dancing baladi and tabla improvisation in Egypt
Cairo, dia 13 de Novembro, 2010
E um baladi bem saboreado, como sempre...
Ahhhh....os meus baladis....dizem que sao celebres e eu acho graca a essa "celebridade".
Recebo egipcios e estrangeiros que chegam ao meu espectaculo de proposito para assistir a um dos meus baladis improvisados...se eu mudo o programa e ele nao inclui um dos ditos cujos, o pessoal queixa-se, rebela-se estridentemente e EXIGE-O!
E eu cedo, sem que isso me custe muito. :)
MOV01077
Cairo, dia 13 de Novembro, 2010
Improviso de tabla...
Uma das melhores coisas da vida no Egipto podera ser, para mim, o improviso e as surpresas constantes (boas e menos boas, claro!).
Esse lado surpreendente e imprevisivel da vida por ca esta aqui, nesta improvizacao de tabla, bem expresso atraves da Danca.
Aqui me encontro com a minha tabla/alma gemea, Maradona. Cada espectaculo e' diferente e depende da disposicao e emocao do momento em que eu me encontro, os musicos e o publico. Sempre vivo, em tempo real (so no AGORA) e passional (como eu sempre sou).
Tenho prazer ao rever estas - e outras- loucuras saudaveis!