Cairo, dia 3 de Novembro, 2010
MULHERES e DEUSAS ( da autora e amiga Rosa Leonor Pedro)
Sou duas mulheres: uma deseja ter toda a alegria, a paixao, as aventuras que a vida pode dar.
A outra quer ser escrava de uma rotina, da vida familiar, das coisas que podem ser planejadas e cumpridas.
Sou a dona de casa e a protituta, ambas vivendo no mesmo corpo, e uma lutando contra a outra. O encontro de uma mulher consigo mesma e' uma brincadeira com serios riscos.
Uma danca divina.
Quando nos encontramos, somos duas energias divinas, dois universos que se chocam. Se o encontro nao tem reverencia necessaria, um universo destroi o outro.
(PAULO COELHO)
E nunca nenhuma mulher se deparou tao ferozmente com estes paradigmas internos como a tipica bailarina de Danca Oriental num pais igualmente oriental. Parece que, a Oriente, se encontram todos os grandes conflitos internos dos seres humanos.
A minha experiencia como bailarina e mulher no Medio Oriente tem sido um espelho gelado deste conflito de todas as mulheres que queremos ser ou que as sociedades nos pressionam para sermos (os dois confundem-se com assustadora facilidade).
A prostituta ou a mae? Ha que escolher.
A que e' livre (libertina, segundo muitos) e a que esta presa no conforto do lar e sustentada pelo homem ( a todos os niveis que nao apenas o monetario).
A que e' independente mas paga o preco por tal impetuosidade. Liberdade pode rimar com solidao quando a Mulher se revela demasiado independente.
E que nos define, enquanto mulheres? Nao seremos um pouco de tudo, da lama e do ceu?!
E nao podem as maes ser sensuais e as devassas extremamente conservativas e aborrecidas???
E nao pode a femme fatale, aqui representada pela tipica bailarina de Danca Oriental, ter a pureza de uma crianca e a fragilidade de uma flor no meio da tempestade?
Como nos definimos?
E sera que temos de nos definir? Para que? Para quem?
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