Friday, November 12, 2010


Cairo,dia 12 de Novembro, 2010

Crise de nervos: maravilhoso para a economia (com especial destaque para o sector livreiro)

A minha perdicao de consumo Numero 1 sempre foi e continua a ser LIVROS (portugues, espanhol, frances, ingles, latim...em qualquer destes idiomas, o livro marcha que nem gingas).

Nao interessa quantos tomos prioritarios (tomo prioritario soa a uma pomposa designacao dos correios) tenho amontoados no chao e prateleiras da minha casa.
Nem tao pouco interessa a loucura mix leve esquizofrenia que e' ler seis livros (ou mais) ao mesmo tempo com a intensidade de quem devora um unico bilhetinho de meia duzias de palavras essenciais a Humanidade.

A cada livro, dedico toda a minha atencao, energia, carinho pelo toque das folhas e pelo aroma das mesmas que nunca me deixa indiferente. Estou com um deles, nao estou com o outro.
Posso ser infiel mas sou TOTAL nos momentos que usufruo com cada um dos meus amantes.
Escolho os amantes por diversas razoes e ninguem entende como posso estar envolvida com um livro sobre yoga e outro sobre as Comedias da Vida Privada ou culinaria francesa.
Os meus gostos, interesses, impulsos passionais sao ecleticos e, orgulhosamente, impossiveis de entender. Ha pimentas insuspeitadas em esquinas que intuo e eu embarco nelas...Dona Juana de Marco dos livros, da vida...ca c'est moi!


Pareco um homem arabe com muitas esposas e extras (amantes on the side).
O que me distingue do tipico homem arabe e' a abilidade com que eu amo cada um dos livros, a forma como lhes pego e acaricio, a mestria sensual de como saboreio cada pagina e leio cada palavra em voz alta, deliciando-me com a voz das letras... bem podia dar uns cursos a estes homens incompetentes ( O Curso ditaria : "Como satisfazer as suas varias esposas e amantes" - o livro como o corpo da mulher...paralelo inesperado!). Seria um sucesso!

Entro numa livraria ( o meu equivalente da taberna para os alcoolicos ou simples amantes do tintol) e...ZAS!!! ZAS!!!! ZAS!!!

E ainda outro ZAS...tantos livros me parecem interessantes e urgentes de serem lidos. Acho que o CARPE DIEM se aplica, em mim, a leitura de livros. Agindo como se nao existisse amanha nem depois, compro mais um e outro livro com mais olhos que barriga e com um prazer consumista que nao tenho por roupas e outros itens mais associados a mulherada.

Em tempos de crise (nao so economica mas tambem de nervos - os meus!), o negocio floresce a minha custa. Quando me da forte e estou prestes a explodir, o meu escape passa, invarivelmente, pela aquisicao de novos livros e o mergulho evasivo neles que me permita fugir a realidade e assim retomar energias para saber como seguir em diante sem explodir nem agir de forma pouco inteligente.

Quando as hormonas, os nervos, as flutuacoes emocionais e as experiencias dificeis se unem num complot que mais parece uma campanha perversa de Deus para testar, pela milesima vez, o quanto sou forte, nao ha boteco nem droga a que eu possa recorrer senao os LIVROS.

Livros, livros, livros...
Para me esconder.
Para me reestruturar por dentro e re-ganhar as energias totalmente perdidas.
Para me abrir a mente, um pouco mais (porque a mente e' um musculo com amplitude ilimitada).
Para aprender e reflectir sobre realidade dentro e fora de mim, fazendo as escolhas mais acertadas (as mais inteligentes, quero eu dizer).
Para ter prazer em cada palavra e acreditar que o mundo nao vai ser sempre assim tao negro e que melhores dias virao.

O sector livreiro devia patrocinar as minhas crises de nervos como a Agua Evian devia patrocinar os meus espectaculos. Dois luxos de que nao prescindo e aos quais recorro, talvez com exagero (porque eu sou exagerada em tudo), sempre que me sinto a derrapar...

O que aprendi nos livros?!

1. Que tudo muda. Hoje em baixo, amanha em cima. A Roda da Fortuna segue, implacavelmente, rodando...

2. Que existem dias em que nem mesmo a pessoa mais positiva do mundo se consegue levantar do chao mas que, invariavelmente, chega o momento em que o faz e segue em frente porque a VIDA nao fica parada, assistindo na primeira plateia as nossas tristezas e desanimos.

3. Que um livro nao substitui a experiencia da VIDA real mas que pode ser mais real do que a VIDA.

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